agosto 14, 2009

Aniversário


Hoje, dia do meu aniversário, senti certa necessidade (ou obrigação) de deixar aqui um registro da data. Mas, confesso que não estou no clima da comemoração que os costumes impõem. Talvez, se conseguisse um canto para meu refúgio, me sentiria melhor em permanecer recluso até que os ponteiros anunciassem a virada do dia. Isolado de todos, teria algum tempo para escutar todas as inquietações para as quais tenho tapado os olhos. Distante de tudo, não me seria exigido o esforço de esboçar sorrisos, nem falsear uma alegria que há muito não trago em mim. Se atentos às minhas pausas, meus silêncios revelam bem mais...

"Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos - a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo. Todos estes meios tons da consciência da alma criam em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-pôr do que somos."

(Excerto do fragmento 196, do Livro do Desassossego, cuja autoria foi atribuída por Fernando Pessoa ao seu heterônimo Bernardo Soares)

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