abril 14, 2007

Talvez, nem devessem existir...

Dias em que as palavras
traem o sentido que lhe damos
em que tudo parece fora
de uma ordem por mim criada

Traduções de tantos atos
intenções que não chegaram a ser
um espectador angustiado
"um cansaço de mundos" (aquele do Pessoa)
não só "para apanhar um elétrico"
mas do mundo em si
...e de mim
...e do outro
dos outros em mim!

abril 06, 2007

[A pensar sobre o que me define...]

possivelmente a procura
(aquela... particular nos momentos em mim!)
a entrever aspirações e súplicas
questionar a insensatez do impensado
rebuscar composições em clave de sol

pelos caminhos...
(a bifurcarem-se alheios aos pés – descalços... nus!)
tenho desgostado de qualidades inquestionáveis
de olhares indagadores (mesmo dos meus)
de idas (das vindas... sobretudo!)

e sinto...
por vezes, remorso...
saudade de tudo (até do futuro)
súbita vontade de esvair para sempre
ou encenar um regresso poético
(melancolia por companheira cativa)

os passos...
seguem trilhas
cautelosos dos abismos que virão
(já não tropeçam, tampouco arriscam cair)

por tudo (ou quase)
não restam certezas...
encontro a vida à espreita: eu andarilho
... a caminhar
... a procurar
prosseguir...
tentando desmistificar a imagem (enxergar além)
entrelinhas, desalinho... esse desassossego!

ainda sonho...
dias e noites de esplendor
(o conceito abstrato da felicidade)
palpáveis são os instantes de regozijo
a alegria das pequenas conquistas que se somam (incomensuráveis!)

vivo...
senão amadurecido, resignado (por certo)
... se em parte desiludido pelo (des)esperar
... de outra, motivado pela renovação dos dias que amanhecem nova esperança
(o definível torna-se indefinível)
a liberdade do arbítrio: tangentes do destino
... a inquietude dos ponteiros
... a efemeridade do tempo.

abril 05, 2007

Sem essa (ou aquela)
mentira contada com efeito reverso
o revés
a expectativa
a suspeita
o temor de parecer o que é
estampado na certeza de qualquer coisa.

Mundo de cores
e espelhos
e paisagens
a florescer estéril
pueril.

A ignóbil presença
de ser e estar
e se sentir tolo
numa extra(e)ordinária
alegria de viver
ilusões.

abril 02, 2007

Pra começar bem,
deveria compor um conto, um ensaio, uma crônica
melhor mesmo se fosse um livro
para a festa das prateleiras
(mas, não... não ousaria tanto!)

Rascunhar...
é sempre mais confortável
mais despretensioso
uma maior liberdade
de ser e ficar e sentir
como se ninguém jamais fosse ler
um pecado não confessado
palavras soltas
irresponsavelmente combinadas para ter algum sentido
(e, se não têm, tanto melhor)
têm o encanto de permanecerem alheias...
indecifráveis!