junho 18, 2012

Carta de silêncio

Vou lhe falar de mim, das vontades, dos medos... Não sei se faço por você, ou por mim, ou por algum outro motivo qualquer que há dias me cobra explicações. Pergunto-me sobre o quanto me tornei alheio de tudo, indiferente... estéril. É cômodo se refugiar à sombra do medo, mas também muito difícil se livrar de suas garras. Por vezes, me visitam lembranças do tanto que já pedi, procurei... desesperado por não encontrar, angustiado por não saber ao certo o que esperar, pelo que buscar. Receio que por tantos caminhos eu tenha perdido o que realmente quis fazer da vida. De fato, não era isso... (ou talvez até seja, mas diferente). Os anos me trouxeram uma certa leveza que me permite ironizar minhas inseguranças, brincando com tudo aquilo que antes me atormentava. Desvio de julgamentos (mesmo dos meus), interpretando o roteiro que criei para o meu uso. Não sou um personagem (deixo claro!). É que não sei ser outro... preso às minhas bobagens, meus escudos, meu orgulho ferido, insisto em ressentir histórias que não vivi, paixões não correspondidas... pelo o que supliquei e me foi negado. Sinto muito... choro em silêncio como quem recorre a uma prece, resignado em não culpar ninguém (nem a mim). Seguem os dias... e o tempo me apavora. Onde estará você? Não sei... e não quero dizer mais nada.