agosto 08, 2008

Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para suspender.
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(Excerto extraído do Fragmento 152, do Livro do Desassossego, cuja autoria foi atribuída por Fernando Pessoa ao seu semi-heterônimo Bernardo Soares)

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