"Quero um dia para chorar.
Mas a vida vai tão depressa!
- e é preciso deixar contida
a tristeza, para que a vida,
que acaba quando mal começa,
tenha tempo de se acabar.
Não quero amor, não quero amar...
Não quero nenhuma promessa
nem mesmo para ser cumprida.
Não quero a esperança partida,
nem nada de quando regressa.
Quero um dia para chorar.
Quero um dia para chorar.
Dia de desprender-me dessa
aventura mal entendida
sobre os espelhos sem saída
em que jaz minha face impressa.
Chorar sem protesto. Chorar."
(Cecília Meireles)
É simplesmente isso que lhes ofereço. Sem métrica, sem pretensões (embora a ausência possa ser a maior de todas elas). São fragmentos: devaneios em verso e prosa. Quem sabe um desatino, metáforas, as vozes dos meus alteregos.
agosto 30, 2008

agosto 29, 2008

"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro".
.
(Excerto de 'Encontro marcado', autoria de Fernando Sabino)
agosto 25, 2008
Ruptura
Acordei sentindo a vida mais leve... uma inexplicável tranquilidade que há muito busquei (percebi que posso exorcizar meus fantasmas). Ao acalentar tantos medos irreais, quase nunca me enxerguei por inteiro. Até aqui, as percepções de mim mesmo foram sempre uma tresloucada e vã tentativa de me reinventar. Uma farsa! Agora, pergunto: quem sou eu? Descobri que não me conheço... e me estranho. Mas, que bela ironia! Porque foi nesse estranhamento que me encontrei e pela primeira vez me vi sem máscaras.
agosto 17, 2008
... antes do fim
Seria a vida um constante jogo de adivinhações, pausas e retrocessos?
A verdade sempre me pareceu uma forma de libertação e defesa.
Mas como confessar o que se sente sem alardear o ouvido alheio?
A franqueza assusta... por vezes, apavora (e afasta).
O que mais me dói é a indiferença...
(o silêncio diz mais que esconde)
Se pudesse voltar atrás, talvez não falasse
(ou buscasse outro meio)
A dúvida inquieta e a interrupção angustia.
Foi quase um sonho...
infelizmente, acordei antes do fim.
A verdade sempre me pareceu uma forma de libertação e defesa.
Mas como confessar o que se sente sem alardear o ouvido alheio?
A franqueza assusta... por vezes, apavora (e afasta).
O que mais me dói é a indiferença...
(o silêncio diz mais que esconde)
Se pudesse voltar atrás, talvez não falasse
(ou buscasse outro meio)
A dúvida inquieta e a interrupção angustia.
Foi quase um sonho...
infelizmente, acordei antes do fim.
agosto 09, 2008
agosto 08, 2008
Pasmo sempre quando acabo qualquer coisa. Pasmo e desolo-me. O meu instinto de perfeição deveria inibir-me de acabar; deveria inibir-me até de dar começo. Mas distraio-me e faço. O que consigo é um produto, em mim, não de uma aplicação de vontade, mas de uma cedência dela. Começo porque não tenho força para pensar; acabo porque não tenho alma para suspender.
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(Excerto extraído do Fragmento 152, do Livro do Desassossego, cuja autoria foi atribuída por Fernando Pessoa ao seu semi-heterônimo Bernardo Soares)
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