abril 03, 2009

"O eco do meu oco"

Tudo em mim parece reverberar o que outrora trazia em sepulcro
um quase ser e sentir sobre tudo que
- de tão indefinido e irrealizado -
mais aumenta esse abismo de queixas
ecoando o imenso vazio das vivências não vividas
das experiências não experimentadas
do alívio imediato de dores necessárias
das constantes negações travestidas de salvação.

Dias e noites alheio aos arroubos da juventude
mantendo a seriedade e a aparente auto-suficiência
do personagem que criei para o meu uso.
Interpreta-lo sempre foi o meu drama predileto.
E eis, um dia, que entreolhando além da cortina
me vi sem platéia, sem foco, sem luz... sem voz.
O que resta de uma encenação sem aplauso?
"A quem respondo quando o eco do meu oco responde?"

A resposta não sai, fica presa
retida entre tantos poréns e vírgulas e dúvidas e este não-sei-bem-o-quê
"retida na retidão de pensar que todo fim tem de ter um ponto."
As convicções de ontem são as incertezas de hoje
quebrando linhas, pulando pausas, cortando curvas
"onde foram parar as minhas reticências?"
Seria "o oco de outro ninho" ?
Seria "o eco da minha própria voz pedindo amor e carinho" ?

Um ressentimento que sangra
a vitória da covardia que impede de arriscar
que não abdica da comodidade
que finge estar tudo bem
que acredita ser feliz
que tudo ameniza e esquece
... até de viver.

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