É simplesmente isso que lhes ofereço. Sem métrica, sem pretensões (embora a ausência possa ser a maior de todas elas). São fragmentos: devaneios em verso e prosa. Quem sabe um desatino, metáforas, as vozes dos meus alteregos.
dezembro 25, 2008
dezembro 15, 2008
dezembro 10, 2008
ELEPHANT GUN - Beirut
Ontem, ouvi esta música pela primeira vez... É tema da mini-série "Capitu". Trata-se de uma belíssima produção baseada na obra "Dom Casmurro", escrita por Machado de Assis. Sou suspeito pra falar desse livro porque, talvez, tenha sido ele a despertar em mim um interesse maior pela literatura. Li por três vezes, em épocas diferentes. Curioso é que, na primeira, jurava ser Capitu inocente e vítima dos delírios do Bentinho. Nas outras vezes, o narrador me convenceu da traição. Suposições... O que sempre me intrigou foi a descrição poética dos "olhos de ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada". Acho que sempre quis (ou temi) encontra-los e, de fato, inesperadamente aconteceu... Mas, não vou dizer: é segredo! A intenção aqui é expressar o meu encantamento pela obra, pelo escritor, pela produção, pela música... enfim, pela arte.
"O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o resto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo." (Excerto do Capítulo II - DOM CASMURRO)
dezembro 06, 2008
dezembro 04, 2008
Na mesma direção...
o pouso da mão sobre a face
o olhar que dispensa palavras
o toque que acaricia e ameniza as dores da alma.
Quero ser abraçado e sentir o amparo da cumplicidade
o beijo que arrepia
o entorpecimento que faz o corpo estremecer
e o coração transbordar sentimentos.
Quero sorrisos sinceros
o apoio incondicional
a mão estendida
a fé de ser capaz.
Quero que fique comigo não por breves instantes
mas noite e dia
pra perfumar minha existência
pra aquietar o meu espírito.
Quero acordar com sua presença
dormir sentindo sua respiração
velar seu sono
testemunhar cada amanhecer.
Quero acreditar ser possível
duas vidas em uma só
um só caminho
na mesma direção.
dezembro 02, 2008

Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma."
(DOIS POEMAS - autoria atribuída por Fernando Pessoa ao seu heterônimo Alberto Caeiro)